Colesterol: nem tão vilão, nem tão mocinho
Saiba mais sobre o assunto.
Embora muitas pessoas achem o colesterol uma substância maléfica, ele é
primordial para o funcionamento do corpo humano. Chamado de gordura do
sangue, ele é o componente estrutural das membranas celulares em todo
nosso corpo e está presente no cérebro, nervos, músculos, pele, fígado,
intestinos e coração. Nosso corpo usa esse colesterol para produzir
vários hormônios, vitamina D e ácidos biliares que ajudam na digestão
das gorduras. Boa parte, cerca de 70%, é fabricada pelo nosso próprio
organismo, no fígado, enquanto que os outros 30% vêm da dieta.
Para
fazer bem, no entanto, os níveis do colesterol devem estar sempre
controlados. A Dra. Suzete Motta (CRM-SP 93004), médica com formação em
medicina esportiva, da Clínica Bertolini, explica que, quando em
excesso, o colesterol pode se depositar nas paredes das artérias, que
são os vasos que levam sangue para os órgãos e tecidos, determinando um
processo conhecido com arteriosclerose.
“O
colesterol alto é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. Se esse depósito ocorre nas artérias coronárias, pode
ocorrer angina, que é a dor no peito, e infarto do miocárdio. Se ocorre
nas artérias cerebrais, pode provocar acidente vascular cerebral, o
popular derrame”, diz a médica.
Mas o que fazer para diminuir o
nível do mau colesterol? E quais são os fatores de risco? Existem
alimentos que podem ajudar a diminuir e a aumentar essa gordura no
sangue? Para ajudar a esclarecer essas e outras dúvidas, a médica Suzete
Motta indica abaixo as 7 coisas que você precisa saber sobre o
colesterol. Confira:
1. Existem dois tipos de colesterol
O
HDL é chamado de “colesterol bom”, pois forma uma classe de
lipoproteínas que ajuda a carregar o colesterol do ateroma dentro das
artérias e transportá-lo de volta ao fígado para ser excretado. Já o
LDL, chamado de “colesterol ruim”, transporta o colesterol de células
que mais produzem do que usam, para as células que mais necessitam. Ele é
considerado ruim pela relação existente do alto índice de LDL com
doenças cardíacas. “No entanto, é preciso ficar atento ao nível do HDL
também. Embora o bom colesterol forneça proteção contra a
arteriosclerose, se o seu nível está baixo, o risco de doença
cardiovascular aumenta”, alerta a médica.
2. Substância vital para os seres humanos
O
colesterol é usado para produzir os hormônios esteroides necessários
para o desenvolvimento e o funcionamento normal do organismo. Entre eles
estão: os hormônios sexuais estrógeno e progesterona nas mulheres e a
testosterona nos homens; o cortisol, que ajuda a regular os níveis de
açúcar no sangue e a defender o corpo de infecções; e a aldosterona,
importante para reter sal e água no organismo. “O corpo ainda utiliza o
colesterol para produzir uma quantidade significativa de vitamina D,
responsável por ossos e dentes fortes, fabricada quando a pele é exposta
à luz do sol”, explica Suzete.
3. Vida saudável é melhor estratégia
Praticar
exercícios físicos e evitar comer alimentos gordurosos ajuda a evitar o
alto colesterol. Parar de fumar também é uma atitude que ajuda a neste
controle. A escolha dos alimentos, segundo Suzete, é essencial no
controle das taxas de colesterol, mas nada se compara à capacidade das
atividades físicas, praticadas regularmente, de elevar o HDL no sangue.
“Antes de apelar para remédios, a melhor estratégia para combater as
altas taxas de colesterol continua sendo a velha e boa mudança no estilo
de vida, que inclui uma dieta saudável e uma rotina repleta de
exercícios físicos”, garante.
4. Conheça fontes não saudáveis de gordura
Gema
de ovo, bacon ou toucinho, carne de frango com pele, torresmo,
manteiga, creme de leite e nata, frituras, salsicha, salame e linguiça e
carnes de animais são os principais alimentos que contém uma
significativa quantidade de colesterol. Mas também existem as gorduras
boas, as gorduras insaturadas, que ajudam a diminuir o colesterol
sanguíneo, mas por serem muito calóricas e engordar devem ser consumidas
com cuidado. Estão presentes nos óleos vegetais (oliva, canola, soja,
milho, girassol), nozes, avelãs, abacate e margarinas.
“A gordura
poliinsaturada auxilia na redução do colesterol total e do LDL, o
colesterol ruim. Porém, se consumida em grande quantidade poderá reduzir
também o HDL, colesterol bom. A sua ingestão deve representar até 10%
das calorias totais da dieta e os monoinsaturados até 20%”, afirma
Motta.
5. Fique de olho na sua taxa
O
aumento no nível de colesterol no sangue não costuma ter sintomas. Em
casos excepcionais, aparecem os chamados xantomas, que são sinais
decorrentes do acúmulo do colesterol na pele. Quando o aumento do
colesterol atinge níveis muito altos, pode haver um aumento no fígado,
no baço e sintomas de pancreatite.
“Muitas vezes o primeiro sinal
pode ser um problema cardíaco . A única forma de saber se o seu
colesterol está alto é através de exame de sangue. Por isso, todos os
adultos acima de 20 anos e qualquer pessoa com antecedentes familiares
ou que já apresentou alguma manifestação de arteriosclerose devem fazer a
dosagem”, aconselha a médica.
6. Alguns fatores você não pode controlar
Há
três causas para a alteração do colesterol. A primeira é o fator
genético, quando o indivíduo possui genes que determinam essa alteração;
a segunda é a alimentação, pois quem ingere alimentos gordurosos, com
alto índice de colesterol, têm mais chances de sofrer com taxas altas, a
última possível causa são doenças, como hipotireoidismo, diabetes e
doenças nos rins. “Ainda existe o sexo, já que os homens têm maior risco
de apresentar colesterol elevado que as mulheres, e a idade, porque o
colesterol se eleva conforme ela avança. Nos homens isso ocorre a partir
dos 45 anos e nas mulheres a partir dos 55 anos”, adverte.
7. A doença é crônica
O
tratamento das alterações do colesterol deve ser mantido por toda a
vida. Tanto os cuidados com a alimentação e exercícios, como o uso de
medicamentos, deverão ser empregados por tempo indeterminado. A Dra.
Suzete Motta sugere que, para fazer uma dieta visando o controle do
colesterol, o paciente prefira leite e iogurte desnatados, queijo branco
fresco, ricota, "cottage", queijos "light”, peixes, aves sem pele,
carnes magras, inhame, macarrão, pães, bolachas de água e de água e sal,
evitando sempre gordura em excesso.